Alongamento Ósseo

O alongamento de um membro é um processo gradual, que alonga ou corrige deformidades nos ossos para que o membro possa funcionar o mais normal possível.

Há diversas razões pelas quais uma pessoa pode se candidatar a esse procedimento. Em alguns pacientes, esse procedimento é utilizado para corrigir ou alongar um osso. Outros precisam por problemas ocasionados por fraturas complexas, com perda óssea e pseudoartrose (quando o osso não consolida).

O alongamento aproveita a grande habilidade do tecido ósseo em produzir mais osso, a partir de uma “fratura controlada” (osteotomia, ou corte no osso), feitos de maneira não invasiva. Além disso, é necessário segurar os dois  (ou mais) fragmentos ósseos  com um fixador externo, uniplanar, multiplanar ou circular, para que os fragmentos ósseos possam ser movimentar de forma a permitir a formação adequada de osso.

Em todo alongamento ósseo, há duas fases: 

– a fase de alongamento propriamente dita, onde o aparelho vai proporcionar o afastamento dos fragmentos ósseos, e vai ocorrer a formação do regenerado ósseo, ou seja, o novo osso, ainda sem as características mecânicas de estabilidade de um osso normal;

– e a fase de consolidação, quando o aparelho fica em repouso, ou ainda em dinamização para que a consolidação ocorra, e seja possível a retirada do aparelho externo.

Os fixadores externos evoluíram bastante, desde os fixadores lineares nos anos 70, até os circulares, como os do tipo Ilizarov. O mecanismo de ação pode ser acionado dinamicamente pelo próprio paciente, de acordo com as instruções dadas por seu ortopedista.

As versões mais modernas podem contar com fixadores hexapodais, capazes de corrigir, as mesmo tempo, deformidades angulares, rotacionais, e de translação, além de alongar também. Esses novos fixadores, em suas várias versões comerciais, têm um software que integra as informações fornecidas pelo médico com a melhor velocidade de correção, e indica qual é a maneira pela qual esses seis eixos devem se movimentar para a correção.

Mais recentemente, o alongamento só com hastes intramedulares sem nenhuma fixação externa está se tornando mais popular em todo o mundo. É uma tecnologia capaz de proporcionar acionamento externo de um mecanismo capaz de fazer com que a haste intramedular telescopada se alongue, e desta maneira também leve os fragmentos ósseos a um afastamento, proporcionando um alongamento livre das complicações relativas aos pinos e fios transósseos.

Apenas a leitura desse conteúdo não é capaz de dar suficiente informação sobre o complexo procedimento do alongamento ósseo, que pode levar de alguns meses até um ano. A melhor maneira de compreender o processo é conversar com algum paciente que tenha sido submetido ao alongamento ósseo.

O planejamento do alongamento inclui preparação, e comprometimento. A fisioterapia é fundamental para a obtenção de um resultado funcional satisfatório. É também importante se manter funcional, e ser capaz de continuar indo `a escola/faculdade, trabalho, e atividades sociais , assim que possível.

Outros fatores a serem considerados:

Hospitalização – para o início do alongamento, uma cirurgia será necessária para a colocação do fixador externo e também para a osteotomia (“fratura controlada”). A hospitalização pode ser por 2 ou 3 dias;

Ajustes do fixador externo – seguir a prescrição de como acionar os dispositivos de alongamento/correção de deformidades do fixador;

Limitações físicas – compreender com antecedência o que você poderá ou não fazer será importante;

Mudança das atividades de vida diária – mais tempo, preparação e energia serão necessárias para fazer atividades do dia-a-dia;

Adaptação das roupas – planejar a utilização de roupas largas, que servirão ao redor do fixador externo. Algumas adaptações podem ser necessárias dependendo do local anatômico do tratamento, e da configuração do fixador externo

Visitas clínicas – prepare-se para visitas frequentes ao seu ortopedista, para checar, como num check up de voo de avião, todos os itens importantes para seus melhores resultados: seu sono e apetite, presença ou não de dor, e porque ocorre, condição do regenerado ósseo, taxa de alongamento, presença ou não se sinais de infecção, e controle com medicações, quanto foi alongado, ou corrigido (em mm, ou graus), se os nervos e vasos estão adequadamente acompanhando o alongamento e como está a fisioterapia e se há ou não contraturas musculares. A cada visita, depois de avaliar todos esses itens, serão decididas as próximas orientações a cada fase. O acompanhamento adequado leva a resultados mais favoráveis.

Um profissional bem treinado em reconstrução e alongamento ósseo é absolutamente fundamental para que o alongamento ocorre da melhor forma, com menor tempo e minimizando e tratando as complicações.